quarta-feira, 8 de abril de 2015

Notícia


Cientistas estudam espécie rara de macaco no cerrado do Centro-Oeste

Animais vistos em Pitangui são típicos da Mata Atlântica.
Desmatamento é apontado como motivo de fuga.

Macaco sauá avistado na região de PitanguI (Foto: Frederico Pahlm/Arquivo pessoal)

Uma espécie de macaco ameaçada de extinção tem chamado atenção de cientistas no Centro-Oeste mineiro. Batizado de Callicebus nigrifrons, o animal é típico da Mata Atlântica e do cerrado. Mas, o desmatamento nessas regiões tem forçado a espécie a se refugiar na área de transição entre esses dois biomas.
Norberto Lobato, coordenador da agência do Instituto Estadual de Florestas (IEF) em Pitangui, disse ao G1 que já viu muitos deles perto da cidade. "Não é difícil encontrar a espécie na região, principalmente ao amanhecer, que é quando os macacos começam a busca por alimentos. Eles entram na cidade pelas árvores, em busca de frutas nos quintais. Outro dia avistei um em um pé de manga. Até tirei fotos", contou.
Ao saber disso, o biólogo Eduardo José Azevedo decidiu conferir de perto. Ele sabia que os primatas estão entre os mamíferos mais ameaçados da Mata Atlântica por causa do desmatamento, de incêndios e da fragmentação das famílias. "Dentre as 23 espécies de primatas que ocorrem na Mata Atlântica, 15 estão enquadradas em alguma categoria de ameaça de extinção", disse.
Eduardo queria estudar o comportamento da espécie na região e contribuir para a proteção dos animais. Para isso, visitou a fazenda experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que fica em uma área de preservação permanente, perto do Rio São João. O desafio era conseguir chamar a atenção dos animais. "Vi que eles ficam o tempo todo quietos, na deles. Quando aparece alguém fazendo barulho, eles reagem e se espalham", comentou.
A solução apareceu em março de 2014, quando Eduardo era um dos professores que compunham uma banca de pesquisa no campus do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) em Bambuí. O biólogo e especialista em primatas Frederico Pahlm contou sobre seu trabalho de conservação de espécies ameaçadas de extinção.
Frederico sugeriu a Eduardo que usasse gravações do som emitido pelos macacos da espécie para atraí-los. Ideia que foi bem recebida. As observações de campo ocorreram em agosto e setembro do ano passado. "Levei um notebook com áudios dos gritos e grunhidos de macacos. As sessões de playback eram iniciadas a cerca de dez metros da borda, em direção ao rio. Após o surgimento de um indivíduo do grupo, o estímulo foi mantido. Aproveitei para registrar, através de fotografias", explicou Eduardo.
Foram feitos cerca de dez testes de vocalização. Após o som ser emitido durante 15 minutos, indivíduos adultos da espécie apareceram e começaram a vocalizar também - ou seja, os macacos responderam aos sons emitidos pelo computador. A resposta dos animais foi toda gravada em áudio.
Frederico Pahlm afirmou que o risco de extinção da espécie é alto. "Principalmente devido à diminuição da variabilidade genética e risco de endogamia, que é o cruzamento entre indivíduos de parentesco próximo, causando vários problemas genéticos", explica.

Instalar rastreadores nos animais é um tipo de prática comum entre os biólogos que trabalham com proteção de espécies. "Mas os sauás têm um pescoço curto e isso machuca e os atrapalha na vida livre. Eu trabalho com habitação natural de grupos. No caso, os macacos vão me observando em seu habitat por todo o dia, a toda hora, até se acostumarem com minha presença. Com a detecção de grupos, espero que a comunidade científica se envolva na conservação da espécie ameaçada", comentou.

Fiscalização

Em nota ao G1, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que não desenvolve nenhuma ação de proteção do macaco sauá. Esse trabalho fica a cargo do ICMBio, que é responsável pela elaboração de planos de ação para conservação de espécies ameaçadas de extinção.
"O processo de elaboração, monitoria e revisão adotado, instituído pela Instrução Normativa ICMBio é baseado no planejamento estratégico e estabelece um método simples e robusto que pode ser aplicado em todos os níveis taxonômicos ou geográficos. Estes níveis podem incluir uma única espécie, grupos ou conjuntos de espécies e subespécies individuais, bem como em âmbito global, regional ou nacional", informou o órgão.
O responsável pelo IEF em Pitangui explicou que o órgão tem a atribuição de definir áreas adequadas para a soltura de animais que forem apreendidos. "Já está sendo verificada a determinação de uma área segurança na região Centro-Oeste para a soltura de animais que forem capturados ou encontrados em cativeiro", finalizou Norberto Lobato.


http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2015/02/cientistas-estudam-especie-rara-de-macaco-no-cerrado-do-centro-oeste.html

Notícia

     Piauí é um dos estados que menos desmatou o Cerrado brasileiro

Apenas 16,6% da área original foi desmatada no estado.

O estado do Piauí aparece no último estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) como uma das entidades da federação que menos desmatou o bioma Cerrado. Apenas 16,6% da área original foi desmatada no estado, enquanto que em São Paulo já desmatou mais de 90% da área do bioma. 


 
Mesmo assim, o estado está entre os que mais desmataram entre os anos de 2002 a 2010. No Piauí, o Cerrado ocupa uma área de 11,5 milhões de hectares, em 28 cidades nas regiões Norte e Sul do Piauí, e é considerada a fronteira agrícola do estado. 
Os municípios de Baixa Grande do Ribeiro, Currais, Palmeira do Piauí, Ribeiro Gonçalves, Santa Filomena e Uruçuí, são prioritários para ações de fomento, ordenamento e monitoramento e controle no Cerrado, segundo Portaria MMA. 
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. 
Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/ Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade. 
O Brasil conta também com o Programa de Redução do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado Brasileiro (Programa Cerrado) que apoia a implantação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC). 
O objetivo geral é contribuir para a mitigação da mudança do clima no Cerrado e para a melhoria da gestão ambiental e dos recursosnaturais na região por meio de políticas e práticas adequadas de produção rural. O programa está dividido em dois componentes: a regularização ambiental rural e a prevenção e combate a incêndios florestais. 
O bioma, que ocupa lugar de destaque na produção de grãos no país, perde cada vez mais em biodiversidade com o avanço do desmatamento, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Por: Francicleiton Cardoso - Jornal O Dia
 

http://www.portalodia.com/noticias/piaui/piaui-e-um-dos-estados-que-menos-desmatou-o-cerrado-brasileiro-227613.html